A ESTABILIDADE EM MODELOS NAVAIS
A estabilidade em modelos navais apresentam os mesmos fenômenos que
os reais, lógico guardando as devidas proporções.
Existe muita coisa sem nexo escrita no mundo todo sobre a estabilidade
em modelos, mas o que vamos explicar é científico,
um pouco maçante mais precisa ser assim. Modelismo é um passatempo
científico e não uma brincadeira de bom gosto. Este artigo
foi escrito a partir de dados fornecidos pela Marinha do Brasil em duas
publicações suas usadas na Escola Naval e são
: Teoria do Navio escrita em 1922 por Olavo Coutino Marques,na época
Capitão de Fragata e professor da escola e Manual do Tripulante,
da Diretoria de Portos e Costas de 1972 cujo diretor era Vice-Almirante
Hilton Berutti Augusto Moreira.
Com um espaço de 50 anos entre as duas publicações
podemos lhes garantir que a teoria continua a mesma. Isso garante que não
haverão surpresas com o passar do tempo. Vários fatores influem
na estabilidade de uma embarcação, mas duas são
primordiais, a saber: A posição do Metacentro e a posição
do Centro de Gravidade.
O metacentro é o centro geométrico da embarcação,
definindo ainda mais, é o centro de eqüidistância entre
todos os pontos perimetrais da embarcação. É um ponto
imaginário mas que existe.
O centro de gravidade é também um ponto imaginário
que existe e nele se concentram as linhas de força gravitacional
da embarcação, é o centro do peso do barco em se falando
uma linguagem mais simples. A estabilidade existe quando em se passando
uma linha imaginária entre pontal e quilha e que esta divida a peça
em partes iguais entre proa e popa e costado a costado, nessa linha deverá
estar situado o MC(metacentro) acima do centro de gravidade, e mais o CG
(centro de gravidade) deverá estar abaixo da linha d’água.Existem
3 condições de equilíbrio, a saber: 1- Equilíbrio
estável, é o caso citado acima.
2- Equilíbrio indiferente, é quando os pontos MC e CG estão
coincidentes.
3- Equilíbrio instável, é quando o CG está
acima do MC.
A estabilidade aumenta em dois casos em princípio, quanto mais baixo for o CG, o ideal seria se ele estivesse na quilha, mas nas embarcações reais isso não é muito bom mas nos modelos sim. Uma super estabilidade no real diminui o balanço da embarcação e ela fica conhecida como uma embarcação dura e portando desconfortável, é o caso dos rebocadores, alem disso essas embarcações tem problemas para enfrentar um mar fresco, as vezes a onda embarca devido a falta de balanço da mesma. Existe cálculo para se chegar ao ponto exato de estabilidade mas não é aqui o caso de se comentar isso.
Dois outros fatores que alteram a estabilidade são: formato do casco
e largura da boca. Os cascos chatos no fundo são mais estáveis
e permitem um CG mais alto, ao passo que um casco em pé de caverna
necessita de um CG mais baixo. Uma boca mais larga ajuda mas não
define a estabilidade, a boca larga torna a instabilidade mais lenta, ou
seja o balaço de lado tem um período maior mas não
corrige a instabilidade, ele simplesmente diminui o balanço.
Boca larga significa que a relação comprimento/boca
é menor. Um barco com pouca estabilidade significa o CG está
próximo da linha d’água, é o caso dos contratorpedeiros,
é fácil reconhecer isso, essas embarcações
quando fazem a curva tombam para fora da curva porque seu CG está
a flor d’água e puxa o barco para fora.
Um Barco com estabilidade certa não tomba para lado nenhum. Um barco com muita estabilidade tomba para dentro ao fazer a curva, isso porque o CG está bem abaixo do nível d’água e puxa ele para dentro.É o caso das lanchas. Lembre-se que existe uma força centrífuga, ao entrar em curva ele está entrando em um círculo e a tendência da massa é seguir reta, se ela estiver abaixo da linha d’água o barco tomba para dentro e se estiver acima ele irá tombar para fora. Ao fazer seu modelo coloque tudo que pesa bem no fundo do barco, faça a superestrutura o mais leve possível, nunca coloque coisas pesadas acima da linha d’água e muito menos na superestrutura.
Existe uma mania em nautimodelismo, de se colocar uma taboinha acima das
cavernas e sobre ela se iniciar a montagem dos componentes de tração,
como motor, bateria, regulador de velocidade,e outras tralhas. Nunca faça
isso, só atrapalha a estabilidade. Se possível, monte o motor
e as baterias rente ao casco, se não for possível devido
as cavernas, recorte o máximo possível delas onde irá
se alojar a bateria, quanto mais baixa melhor. Outra mania besta é
se colocar o motor acima da linha d’água, para que através
do eixo e túnel do hélice não entre água.
É uma mania errada,o eixo deve ser feito de forma que não
entre nunca água, deve possuir um retentor, isso será descrito
em artigo específico.
O motor deverá estar rente a quilha, ou o mais possível que se conseguir. O equilíbrio também deve ser observado quanto a adernagem, a adernagem é a inclinação que o barco tende a ter de um único bordo. Também o nivelamento entre proa e popa deve ser observado, existem embarcações que possuem trim de proa e outras de popa. Trim é uma palavra de origem inglesa e em marinha significa que o navio ou embarcação está mais afundada na proa ou na popa. O nivelamento da embarcação melhora a estabilidade, e nivelamento significa que a embarcação não deve ter nenhum trim,se entretanto por razões de carga se faz necessário que tenha, este deve ser sempre de popa.
Evite usar lastro para aumentar a estabilidade, ele só faz é aumentar o peso do modelo. Deve-se usar lastro para se nivelar, mas de pequeno porte, só para compensar em geral algum defeito do casco ou então corrigir o peso da superestrutura.